Largo das chamas infernais, 3 de Novembro de 1523
Exma. Entidade Divina,
Eu, o nobilíssimo fidalgo dom Anrique, venho, por este meio, manifestar uma queixa contra o seu subordinado, o Anjo responsável pela barca da Glória. Terminada a minha vida na Terra, cheguei ao cais onde se encontravam as duas barcas, a do Diabo e a do Anjo, e dirigi-me a elas. Dialoguei com o Diabo e seguidamente dirigi-me à do Anjo. Perguntei-lhe para onde ia a sua barca e se podia viajar nela. Acontece que o Anjo declarou que eu tinha desprezado os pequenos, acusou-me de ter sido tirano e opressor do povo, vaidoso e presunçoso, e por fim recusou a minha entrada na sua Barca da Glória. Esta situação intolerável deixou-me muito magoado e descontente com a atitude do Anjo. Do meu ponto de vista o Anjo não deve acolher desta maneira as almas, pois todos os humanos cometem pecados.
Exijo, deste modo, como recompensa para as humilhações que tenho vivido no Inferno, uma viagem imediata para o Paraíso numa barca luxuosa, onde possa ser servido por dez pajens.
A aguardar uma resposta
Os meus cumprimentos
Dom Anrique
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